Descrição do Risco
À semelhança da onda de calor, o conceito de vaga de frio corresponde a uma continuidade temporal de dias que registam valores de temperatura mínima inferiores ao valor médio mensal do período de referência. Como tal, e segundo definição do Serviço Meteorologia Francês, vaga de frio “pode ser definido como um conjunto de dias consecutivos, no mínimo dois, sobre os quais a temperatura mínima são iguais ou inferior a um dado valor” (http://www.alertes-meteo.com).
Desta forma, a referência quanto ao valor da temperatura mínima, vai ser semelhante ao da onda de calor, ou seja, vão ser contabilizados o número de dias consecutivos (mínimo dois) com temperaturas mínimas 5ºC inferiores ao valor médio ocorrido entre 1961-1990.
Em termos sinópticos é um fenómeno gerado pela intrusão de uma massa de ar frio, geralmente seco, estando associado à ocorrência de ventos moderados a fortes, que ampliam os efeitos do frio.
As consequências destes fenómenos, poderão ser a diversos níveis. Um deles diz respeito à circulação automóvel, uma vez que as temperaturas baixas aumentam a probabilidade de formação de gelo nas estradas. Ao nível do conforto bioclimático não apresenta uma reacção tão directa e visível como as ondas de calor mas também constitui um forte condicionante, principalmente na população mais idosa, uma vez que as baixas temperaturas exigem um maior esforço do sistema cardio-respiratório que, por vezes, originam descompensações.
Desta forma, tal como o fenómeno térmico extremo anterior, poderá dizer-se que uma vaga de frio ocorre quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos a temperatura mínima diária é inferior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência” (Instituto de Meteorologia), que corresponde aos dados das normais climatológicas de 1961-1990.
Carta de Risco
CARTA DE PERIGOSIDADE

CARTA DE VULNERABILIDADE
Metodologia e variáveis utilizadas
A metodologia utilizada para a definição das áreas com maior risco relativamente a vagas de frio baseou-se em elementos estatísticos (dados climáticos) e cartográficos (Figura 13).

METODOLOGIA PARA A CARTA DE PERIGOSIDADE
Para a definição da Perigosidade consideram-se as seguintes variáveis:
Temperaturas máximas diárias – a temperatura é a principal variável na definição das áreas com maior perigosidade. Para este caso específico (ondas de calor) utilizou-se valores de temperatura máxima diária, uma vez que se trata de fenómenos térmicos extremos.
A informação base utilizada para o tratamento estatístico dependeu da quantidade e sequência temporal dos mesmos. Como tal, o período de referência correspondeu aos anos entre 2000 a 2005;
Temperaturas médias diárias do ar – corresponde a uma variável de comparação relativamente à anterior. Uma vez que não se possuía a totalidade dos dados para a produção de um mapa de isolinhas, tendo como base os valores mais actuais, utilizou-se o cartograma do Atlas Digital do Ambiente, mais precisamente, carta de temperaturas médias diárias (valores médios anuais entre 1931-1960) da propriedade do Serviço Meteorológico Nacional (1974).
METODOLOGIA PARA A CARTA DE VULNERABILIDADE
Para a definição da Vulnerabilidade consideram-se as seguintes variáveis:
Aglomerados populacionais – é o indicador da maior vulnerabilidade humana ao calor intenso. Para tal utilizaram-se as áreas sociais existentes na carta de ocupação do solo estabelecendo ponderações diferentes consoante a densidade populacional. Para este caso, às principais cidades atribui-se a ponderação mais elevada;
Áreas agrícolas e florestais – relativamente às áreas agrícolas foram estabelecidas ponderações por tipos de cultivo, tendo como indicador as culturas mais sensíveis ao calor. Relativamente às áreas florestais, a sua importância em termos de vulnerabilidade neste tipo de risco, tem uma relação directa com índice meteorológico de risco de incêndio. É nos períodos de maior calor que existe uma maior probabilidade de ocorrência de incêndios florestais devido às elevadas temperaturas. A base de referência para o estabelecimento de ponderações foi a carta de ocupação do solo de 1990 (modificada);
Património natural – áreas especialmente sensíveis ao calor podendo tornar vulneráveis as espécies de fauna e flora presentes nestes locais.
INTERPRETAÇÂO DOS RESULTADOS
Em todos os concelhos, as áreas de maior vulnerabilidade localizam-se em todos os aglomerados populacionais e ao longo das infra-estruturas que possam ser afectadas pelo efeito da congelação da água, e nos locais onde há passagem de condutas de água a vulnerabilidade é maior.
CONCELHO DE MIRANDELA
Devido à sua localização na Terra Quente, o concelho de Mirandela apresenta maior parte do seu território com perigosidade moderada de vagas de frio, sendo que esta é reduzida ou nula no vale do Rio Tua devido às características climáticas próprias desse local. Contudo, no espelho de água da cidade as circunstâncias não são iguais ao restante traçado do rio Tua. A perigosidade é moderada a elevada nas vertentes sombrias da serra de Santa Comba.
No concelho de Mirandela predomina o risco de vagas de frio reduzido em grande parte do território, sendo moderado nos aglomerados populacionais mas raramente sendo elevado. Exemplo disso é a própria cidade de Mirandela que apresenta na sua totalidade, um risco moderado quanto à ocorrência deste fenómeno, devido à sua localização em pleno vale do Tua.
CONCELHO DE MACEDO DE CAVALEIROS
O concelho de Macedo de Cavaleiros apresenta na sua maioria perigosidade de vagas de frio moderada e elevada. Nalguns sectores definiu-se perigosidade muito elevada devido à conjugação do número de dias com ocorrência de vagas de frio em associação com a orientação das vertentes. É o que acontece nas vertentes expostas a norte em partes da serra da Nogueira e da serra de Bornes.
O risco de vagas de frio no concelho de Macedo de Cavaleiros é elevado em todos os aglomerados populacionais, devido à conjugação de variáveis como a altitude, a orientação das vertentes, a concentração de população e a localização das principais infra-estruturas. Destaca-se com maior intensidade nos aglomerados populacionais expostos a Norte.
CONCELHO DE BRAGANÇA
De acordo com os dados climáticos regionais e locais e com a análise efectuada, o concelho de Bragança enquadra-se em dois níveis de perigosidade de vagas de frio: elevada e muito elevada. A perigosidade elevada observa-se nas vertentes expostas a norte uma vez que é nestes locais que o número de horas de insolação é menor, logo, uma maior tendência para se sentir o frio.
O risco de vagas de frio no concelho de Bragança é elevado em todos os aglomerados populacionais, devido à conjugação de variáveis como a altitude, a orientação das vertentes, a concentração de população e a localização das principais infra-estruturas.
FONTES DE INFORMAÇÃO
Carta de ocupação do solo de 1990 modificada, Instituto Geográfico Português, 1990;
Dados climáticos das estações de Mirandela e Macedo de Cavaleiros 2000 a 2006, Direcção-Regional Agricultura Trás-os-Montes;
Dados climáticos da estação de Bragança 2000 a 2006, Instituto de Meteorologia;
Atlas Digital do Ambiente, Temperaturas Médias Diária do Ar, período de 1931 a 1960, Serviço Meteorológico Nacional, 1974;